Os jovens que hoje em dia integram as escolas e instituições de ensino cresceram numa era tecnológica. A facilidade com que utilizam determinadas ferramentas e a perceção que têm do mundo digital fazem deles alunos mais exigentes e menos envolvidos no sistema de ensino tradicional, privilegiando a qualidade, a acessibilidade e a simplicidade do acesso à informação.
Tendo em conta esta reflexão, não posso ficar indiferente à elevada importância da transformação digital na educação.
Uma nova era para o sistema educacional
A transformação digital na educação é uma realidade que nos rodeia há já algum tempo, não só pela quantidade de ferramentas disponíveis no meio, mas também pelo interesse dos próprios stakeholders.
O sistema educacional tem vindo a desenvolver-se integrado numa cultura exigente por parte dos seus decisores onde palavras-chave como aprender, colaborar, compartilhar ideias, solucionar problemas ou procurar alternativas fazem mais sentido através da utilização de métodos mais digitais. Prova disso é a pontuação que o setor da educação obteve no estudo “Transformação Digital no Negócio”, tratando-se do setor com a melhor média entre os analisados.
A angariação de novos estudantes
O termo “Aldeia Global”, identificado e popularizado pelo filósofo canadiano Herbert McLuhan, encaixa na perfeição neste processo de globalização que o setor está a viver. Os estudantes priorizam cada vez mais estudar fora do seu país natal, conhecer diferentes culturas e estabelecer novas conexões.
Neste sentido, a tecnologia tem uma influência substancial na informação que é fornecida bem como no estreitamento do processo de decisão do estudante, através das seguintes fases:
- Investigação
- Ação
- Decisão
Estes são os três passos pelos quais um estudante passa quando procura investir na sua formação. Dentro de cada uma destas fases, existe uma simbiose entre aquilo que o estudante pretende e aquilo que a instituição de ensino pode oferecer. O tipo de ferramentas de comunicação e os processos utilizados pela instituição de ensino são fundamentais nesta fase.
Exemplo: um estudante entra em contacto com determinada instituição para esclarecer dúvidas ou pedir informações sobre um curso.
Neste cenário hipotético é fundamental o website da instituição estar preparado, com toda a informação necessária descrevendo todo o processo de candidatura bem como informações institucionais inerentes ao seu modelo de negócio. Não obstante, é importante criar desde logo uma interação positiva uma vez que se está a trabalhar na angariação de novos estudantes.
Para além de informação útil, um formulário de contacto no website é uma importante ferramenta para que a captação seja efetuada e, assim, se recolham os dados do estudante. Para fazer um melhor acompanhamento do interesse do estudante tendo em conta as necessidades que o levam a entrar em contacto de forma proativa, o uso de um sistema conversacional automático com inteligência artificial é igualmente uma boa aposta.
É também importante referir que a sua utilização é paradigmática, tanto pode ser utilizado para ensinar de forma mais dinâmica, em que os estudantes podem aceder aos conteúdos lecionados, tirar dúvidas, entre outros; como pode ser utilizado para captar novos alunos. Neste sentido, a utilização de inteligência artificial ou de ferramentas de mensagens instantâneas (exemplo: Facebook Messenger ou WhatsApp) é mais uma oportunidade de redução de custos e melhoria na qualidade do atendimento.
Desta forma, podemos verificar que existem determinadas soluções que resolvem mais rapidamente e de forma mais simplificada o processo de esclarecimento de dúvidas que um estudante tenha com determinada instituição. Por último, quanto mais rápido e simples for este contacto, maiores serão as probabilidades do objetivo (neste caso, a captação de novos estudantes) ser alcançado.
A mobilidade educacional
Como já mencionei, o paradigma educacional tem vindo a sofrer algumas alterações, caracterizadas pelas suas naturais dores de crescimento. O próprio mercado possui as suas especificidades, nomeadamente o facto de as instituições de ensino não oferecerem somente um serviço mas sim uma experiência de enriquecimento e crescimento aos seus estudantes, que os acompanha ao longo de toda a sua vida.
Mas não só.
As modificações constantes dos métodos de ensino despertam o interesse de um público mais numeroso, de diferentes países, de diferentes culturas, de diferentes hábitos que proporcionam diferentes perspetivas de acesso ao ensino.
E-learning, b-learning, m-learning e u-learning
O universo e-learning tem aumentado aos poucos e poucos a sua amplitude e tornado a experiência do estudante muito mais interativa e flexível.
A modalidade de ensino b-learning oferece às instituições formadoras uma mistura entre aquilo que é modo mais tradicional de ensino e o lado inovador. Ou seja, as aulas decorrem parcialmente através de uma plataforma, por exemplo, recorrendo ao computador e à Internet, mas também integra alguns momentos em contexto de sala de aula.
O m-learning baseia-se na utilização de plataformas que facilitem aos alunos o acesso ao conteúdo de forma a fomentar a aprendizagem, sendo que o u-learning explora a utilização dos dados do aluno (por exemplo, a localização geográfica) para que a informação seja facilmente processada e ajustada a cada especificidade individual dos alunos.
Na perspetiva das instituições formadoras, estas podem ambicionar chegar todos os seus interessados e oferecer soluções de valor a diferentes públicos ao passo que a inclusão destes modelos de ensino na proposta de valor poderá ter impacto na decisão do aluno, quando tiver de optar por uma ou outra instituição.
As redes sociais como touch points
O uso das redes sociais por parte dos players na área educacional tem vindo a aumentar, não só por por uma questão de posicionamento mas também por uma questão de relacionamento. Não é segredo nenhum de que as redes sociais são meios privilegiados para construir um relacionamento com o aluno, no entanto, é fundamental acompanhar as tendências de utilização tendo em conta os perfis que pretendemos atingir.
Para além disso, e tendo em conta o perfil da maioria dos segmentos do público-alvo do setor da educação, as redes sociais integram um papel fundamental naquilo que é a customer journey.
Tendo em conta os dados do estudo “Transformação Digital no Negócio”, os decisores do setor da educação afirmam utilizar as redes sociais para fins comerciais. Ao mesmo tempo, exibem resultados máximos na utilização de softwares para trabalhar a análise dos dados obtidos. Na imagem a seguir podemos verificar a ponderação obtida numa escala de 0 a 5.
Como angariar e reter alunos?
Produzir conteúdos segmentados e relevantes
A importância de trabalhar o conteúdo para a sua audiência é fundamental para a criação de informação ajustada e no planeamento das estratégias de angariação mais eficazes.
As instituições de ensino devem focar-se na sua proposta de valor, para quem querem falar e o que podem propôr na etapa da decisão dos estudantes. A produção de informação útil, pertinente e distribuída na altura ideal cruzará com a vontade do estudante ingressar a sua instituição de ensino.
Dispôr de um ensino e atendimento de qualidade
A produção de uma informação útil e bem estruturada poderá ajudar a captar novos alunos, contudo, o que fará a diferença é a qualidade do serviço prestado.
Pessoas qualificadas, metodologias com provas dadas e a rapidez no atendimento, irá promover uma boa experiência aos estudantes, que, através dos hábitos digitais de hoje em dia, comentam a sua experiência nas redes para inúmeros potenciais alunos.
Da consciencialização à implementação
Considerando a rapidez com que a tecnologia está a impactar todo o tipo de empresas, independentemente da sua relevância no mercado, é evidente que aquelas que não adotarem a transformação digital ficarão para trás nos próximos anos.
Como tal, a implementação de um modelo de negócio mais digital, suportado por processos, plataformas e pessoas, deve começar a ser uma preocupação para os líderes de negócio no setor da educação. Afinal, os estudantes de hoje em dia não são os mesmos que usavam giz para escrever no quadro, trocando-os pelos ipad’s e por “pencil stylus”.